O que é yoga? Conheça esse exercício milenar

by Carolina

Se você está lendo esse artigo é porque, com certeza, já ouviu falar no Yoga e está interessado por alguma razão. Mas, você sabe o que é o Yoga de fato? Provavelmente seus pensamentos estão cheias de preconcepções originadas de reportagens imprecisas ou de fotos no Instagram de famosos e influenciadores. Talvez você pense em meditação e posturas acrobáticas, mas não é bem assim.

Yoga é uma atividade que se tornou extremamente popular no mundo todo nas últimas décadas. Devido a exposição de celebridades e influencers em geral, muitas pessoas têm procurado pela prática pensando principalmente em flexibilidade e tonificação corporal. No entanto, ao pesquisar superficialmente, muitos acabam com uma visão distorcida de uma prática “exótica” demais.

Imagens de gurus indianos, mulheres ricas e famosas fazendo poses acrobáticas enquanto vestem roupas coladas e brilhantes, pessoas sentadas com as pernas cruzadas recitando músicas estranhas… São muitos os estereótipos criados por uma exposição midiática não muito condizente com a realidade. Alguns chegam a desistir por achar a atividade muito estranha ou seus praticantes distantes da realidade.

E para piorar, ao tentar fazer uma pesquisa mais aprofundada você se depara com vários termos em idiomas estranhos e conceitos espiritualistas difíceis de entender. O que são asanas? Hatha Yoga? Iyengar Yoga? O que significa tudo isso e por onde começar? De fato, a princípio pode ser um pouco complicado, ainda mais se você não tiver nenhuma orientação.

Por isso decidi, escrever esse artigo com os seus primeiros passos nessa prática fantástica. Aqui vamos conversar sobre os princípios do Yoga, tentar esclarecer o básico de seus princípios espirituais e filosóficos e passar brevemente por suas origens. Você também vai ver algumas das principais modalidades e dicas para iniciantes. Vamos lá?

Índice

Afinal de contas, o que é Yoga?

O Yoga é um sistema de disciplinas é pensamentos milenares (os registros mais antigos passam dos 5000 anos!) vindos da Índia. Mais do que uma prática, é um estilo de vida. Então por que é tão difícil entender? Na verdade, quando alguma coisa é levada de um país para outro com idioma e cultura completamente diferentes é natural que muita coisa se perca ou seja distorcida. Principalmente quando há celebridades envolvidas.

De acordo com essas tradições, o ser humano vive constantemente em quatro buscas:

  • Segurança/Estabilidade: é o seu objeto de interesse quando você trabalha e procura adquirir bens. Ter um lugar para morar, as contas pagas, reservas financeira… Tudo para escapar da escassez, da fome e outras necessidades que tiram o nosso sono;
  • Prazer/satisfação: aquilo que muitas pessoas entendem como “as coisas boas da vida”. Viagens e festas, bebidas, comidas e companhias. Tudo o que traz prazer aos sentidos;
  • Dharma: esse conceito é riquíssimo, sendo que seria possível escrever um artigo inteiro somente sobre ele. Para efeitos de simplificação, entenda aqui o Dharma como as regras que regem nossa conduta. Se todos os humanos buscam basicamente as mesmas coisas, então é preciso que suas ações seja regidas de forma que um não faça mal ao outro ao longo dessa busca. Basicamente, é o que fazemos quando tentamos nos realizar sem prejudicar ninguém;
  • Felicidade: nosso fim último. Tudo o que fazemos tentando construir uma vida estável e segura, procurando ter algum prazer ou ajustando nossa conduta é para sermos felizes e evitarmos o sofrimento. Se você trabalha, compra ou reúne a família para um almoço de domingo, provavelmente o faz desejando acima de tudo tornar a sua vida feliz.

O problema é que nós facilmente nos perdemos no meio dessa busca. O trabalho, que teria por fim o nosso sustento, acaba se tornando um sofrimento. Todos os dias pessoas saem de casa sem muitas perspectivas, apenas para fazer algo que detestam com pessoas que não gostam em troca de um salário quando o mês acabar.

Enquanto isso, os fins de semana se tornam a fuga preferida da maioria das pessoas. O prazer, que deveria ser apenas algo para adoçar nossa vida, se torna uma grande fuga da realidade. Muitos descontam o estresse diário em bebedeiras, festas e comilanças, para logo em seguida voltar a rotina normal.

Esse ciclo vicioso de trabalho sem sentido e prazer vazio mina a nossa busca pela felicidade e pode até mesmo deteriorar a nossa conduta. E como resolver esse problema? Bom, no Yoga se entende que esse problema já está resolvido. Nós sofremos simplesmente porque vivemos em estado de completo desequilíbrio com nós mesmos e com o mundo.

A saída para isso é acalmar a nossa mente, disciplinar nossos sentidos e atitudes, recuperar o controle sobre o nosso corpo. Devemos entender a nós mesmos, às nossas limitações, aceitar o imutável, ser mais focados com nossos objetivos e mais gentis com os outros. Devemos, enfim, recuperar a harmonia para alcançar a felicidade.

Yoga significa “juntar, conectar” e é o conjunto de disciplinas que visa integrar corpo, mente e energia para te levar a recuperar esse equilíbrio.

Existem diferentes visões a respeito do Yoga, mas de modo geral podemos dividi-lo em 8 estágios e práticas:

  • 1.Yamas (abstenções – atitudes que devemos evitar): não agredir com palavras ou ações a si mesmo ou aos outros (Ahimsa); não mentir para os outros ou para si mesmo e viver de forma autêntica (Satya); não roubar objetos, ideias ou tempo de ninguém (Asteya); ter moderação na alimentação, no consumo, no uso de dinheiro, conter o corpo, a palavra e a mente (Brahmacharya); consumir com responsabilidade e não acumular desnecessariamente, pois o desejo de ter sempre mais e nunca estar satisfeito traz infelicidade (Aparigraha).
  • 2.Nyamas (promoções – atitudes que devemos ter): purificar o corpo e a mente através de alimentação saudável, exercícios para o corpo e respiração e evitar os sentimentos tóxicos como o ódio e o orgulho (Saucha); entender que a felicidade não vem de acontecimentos externos ou de outras pessoas, mas sim do contentamento, pois a falta de contentamento impede a concentração (Santosha); ter determinação e disciplina diante da vida para não desistir diante dos desafios e alcançar os objetivos (Tapas); estudar a si mesmo pela auto-observação e introspecção (Swadhyaya); ter devoção e estar em unidade com deus, reconhecer a si mesmo como uma parte integrante do universo (Ishvara Pranidhana).
  • 3.Asanas: são as posturas físicas usadas para treinar o corpo. Tem por objetivos trazer saúde, melhorar o vigor, disciplinar a mente e trazer calma.

Esses três ramos da Yoga te permitem reger os aspectos exteriores através do controle das paixões e emoções e o domínio do próprio corpo.

  • 4.Pranayama: controle da energia vital através da respiração. Essa prática te permite se concentrar melhor, fortalecer o sistema respiratório e se acalmar.
  • 5.Pratyahara: é o controle dos sentidos. Significa criar a consciência de que os apetites sensórios são insaciáveis, de forma que a satisfação dos desejos por si só é incapaz de trazer uma felicidade verdadeira e duradoura.

Esses dois ramos ensinam a controlar a mente e libertar os sentidos por meio da respiração.

  • 6.Dharana: treino de concentração, ser capaz de manter foco em um ponto ou objetivo. Através das práticas citadas anteriormente, você deve conseguir refinar a sua mente para ignorar os ruídos internos e externos.
  • 7.Dhyana: meditação. Conseguir manter a consciência de si mesmo e os seus objetos de foco sem se esforçar para isso.
  • 8.Samadhi: estado de comunhão com deus. Ao se desenvolver no Yoga o praticante deve se tornar um com o mundo à sua volta.

Os três últimos ramos se referem a estados de consciência sutis em que finalmente se obtém a harmonia consigo mesmo e com o universo.

Ufa! Muita coisa, não é? Como você pôde perceber as posturas e meditações constituem apenas uma parte ínfima do Yoga. Mas você não precisa desanimar! São justamente essas pequenas partes que servem como porta de entrada para a prática e podem te proporcionar diversos benefícios. Existem várias formas tradicionais e modernas, sendo que algumas você pode testar até mesmo dentro de casa.

Quem pode praticar

Virtualmente falando, qualquer pessoa. O Yoga é para todos. Claro que se você possui um problema sério de saúde é altamente recomendado que consulte o seu médico antes. Mas, em geral, a prática é adaptável para qualquer um. Inclusive, costuma ser uma forma de exercício muito indicada para pessoas de constituição mais frágil.

Muitas escolas costumam ter turmas especiais para crianças, gestantes e pessoas muito idosas. Assim elas conseguem fornecer um acompanhamento especial. Em caso de limitações nos movimentos, é bom conversar com o professor antes da aula. Ninguém vai te forçar para além dos seus limites (e se forçar, corra!) e você pode se desenvolver no seu próprio tempo.

Yoga não é acrobacia e você não precisa se sentir mal se não for capaz de executar aqueles movimentos ultra exigentes que aparecem na mídia. O sucesso, nesse caso, se dá principalmente pela sua disposição interna. Além disso, se você possui algum problema ortopédico todo avanço é uma conquista para a sua qualidade de vida e deve ser fonte de alegria.

Principais tipos de Yoga

Existe uma grande variedade de tipos de Yoga, tradicionais e modernos, então eu trouxe aqui alguns dos principais. Lembrando que independente da modalidade a prática de Yoga traz diversos benefícios. Mesmo assim, é interessante que você tenha uma visão geral de cada uma para poder escolher o que se adequa melhor às suas expectativas e necessidades.

Hatha Yoga – o preferido dos iniciantes

Essa modalidade se tornou muito popular no Ocidente justamente por seu potencial para condicionar e fortalecer o corpo e aumentar a sua flexibilidade. O foco aqui é o trabalho da disciplina com asanas (posturas) e pranayama (respiração). Sua prática é calma, sem mudanças bruscas e frequentes nas posturas, o que a torna ideal para iniciantes.

Iyengar Yoga – precisão acima de tudo

Derivado do Hatha Yoga, o Iyengar tem foco na perfeição dos movimentos. Cada postura, cada respiração e mudança devem ser feitos de forma o mais precisa possível. Para isso são utilizados diversos acessórios de Yoga na correção e conforto do praticante, o que facilita para quem possui limitações de movimentos. Como resultado, a aula segue um ritmo mais lento e trabalha melhor a concentração.

Ashtanga Yoga – o desafio da evolução

Também derivado do Hatha, o Ashtanga Yoga consiste na prática de seis séries fixas, de forma que você possa fazer em qualquer lugar que desejar. Essas séries devem ser praticadas sempre na mesma ordem, sendo que você só pode avançar quando tiver dominado a série anterior – o que pode levar anos para acontecer. A cada aula são intensificadas a força, a flexibilidade e a concentração necessárias. Ainda que o aluno possa seguir o seu próprio ritmo de evolução, esse tipo está mais indicado para aqueles que já possuem alguma resistência física e querem se desafiar.

Vinyasa Yoga – beleza moderna

Essa modalidade surgiu nos Estados Unidos na década de 70. Aqui os asanas são colocados em sequência, formando uma coreografia em que a execução de cada postura deve ser sincronizada com a respiração do praticante. Cada uma dessas sequências pode ser livremente criada pela professor. Se trata de uma prática muito dinâmica e criativa, com diversas variações e uma estética realmente graciosa.

Kundalini Yoga – trabalho interno através do corpo

No Kundalini as posturas e respirações são trabalhadas em um ritmo diferente dos outros estilos, já que o foco aqui á aumentar a consciência. As posturas, meditações até mesmo mantras (fórmulas cantadas com diferentes finalidades, como melhorar o foco e equilibrar a energia) são trabalhados de forma a se alcançar um estado de equilíbrio, calma e plenitude. É excelente para as pessoas que, além de condicionamento físico, procuram por um trabalho de espírito.

Raja Yoga – foco total na mente e no universo

O Raja é a prova definitiva de que Yoga não se trata de acrobacia. Na verdade, aqui sequer há a prática física. Toda a prática é baseada em meditação e repetição de mantras. Seu objetivo é alcançar o desenvolvimento pessoal e espiritual do indivíduo, com controle emocional e concentração. Costuma ser muito procurada por aqueles que já possuem o hábito de meditar e traz grande melhora nos sintomas de ansiedade e insônia.

Como é uma aula de Yoga? Algumas dicas para iniciantes

As aulas podem variar bastante de acordo com o professor e a modalidade escolhida. Além disso, pode ser que você resolva fazer suas primeiras aulas online. Então, vamos adotar aqui como exemplo a modalidade Hatha Yoga, que pode ser considerado um padrão, já que deu origem a vários outros estilos e é muito procurada por quem está começando.

A aula pode ser dividida em três momentos:

  • Trabalho de respiração (pranayamas): momento em que você realiza diversos exercícios respiratórios para controlar as emoções e acalmar sua energia;
  • Trabalho físico (asanas): execução de diversas posturas que alongam as articulações, alinham a coluna, dão flexibilidade e tonificam os músculos. No início pode ser um pouco desafiador, já que mexe com músculos que não utilizamos normalmente, mas com o tempo você tende a pegar o jeito.
  • Relaxamento: no final, você apenas deita e deixa o corpo e a mente relaxados e calmos enquanto sente tudo em si se harmonizar após os exercícios. É aconselhável evitar divagações e se permitir sentir completamente o momento.

Viu? Nenhum bicho de sete cabeças. Para aproveitar bem essas aulas você vai precisar ter paciência. Afinal, ninguém nasce com tanta força, flexibilidade e capacidade de concentração. Também é bom você evitar estar com a barriga cheia durante os exercícios. Apenas uma refeição leve uma ou duas horas antes já é o suficiente. É recomendado estar bem hidratado antes de começar e você pode levar uma garrafa de água para as aulas.

Por fim, acessórios só serão necessários se a modalidade de Yoga que você pretende praticar os exigir. Na maior parte dos casos, apenas um tapete próprio para a prática é o suficiente. Algumas escolas fornecem o material necessário, mas como a maioria de nós está em casa nesse momento você pode encomendar o básico. Além disso, você pode se exercitar em qualquer lugar que estiver.

Sobre as roupas, não tem segredo. Elas devem ser confortáveis, pois se forem muito apertadas vão dificultar sua movimentação, e caso sejam folgadas demais podem se mexer muito e expor sua pele. Tops longos, regatas e calças legging vão muito bem. Não se esqueça de dar preferência a algodão ou outros tecidos que absorvam o suor. Pode utilizar meias antiderrapantes ou sapatilhas se estiver em um lugar muito frio, mas o melhor é ter os pés descalços mesmo.

Durante os exercícios não seja perfeccionista. Caso dê muita importância ao seu desempenho vai acabar gerando frustração e agitação mental. Mais uma vez, é necessário ter paciência. Ao invés disso, mantenha o foco em sua respiração e procure sincronizá-la com os movimentos (pode ser difícil no começo, mas você vai conseguindo aos poucos).

No Hatha Yoga, que estou usando como exemplo, não há mudanças bruscas nas posturas. Você pode realizar os exercícios de forma lenta e gradual, sem forçar o seu corpo e se mantendo calmo, relaxado e confortável. Claro que, como em qualquer atividade física, pode ser que surja alguma dor muscular. Por isso é importante que os movimentos sejam executados com calma e os seus limites corporais sejam respeitados.

Resumo

A prática de Yoga requer muito mais do que a simples execução de posturas e respirações. Suas lições, vindas de raízes milenares, abordam um verdadeiro estilo de vida, com profundas mudanças físicas e mentais. E, acima de tudo, uma melhor postura diante de si mesmo e do mundo que te cerca.

Yoga é para todos. Portanto, não tenha medo de começar. Você pode escolher entre várias modalidades, tradicionais ou modernas, de acordo com a sua personalidade e com o que deseja desenvolver. Em geral as aulas são simples e você deve se habituar a elas sem grande dificuldades. Escolha a sua preferida e comece o quanto antes essa atividade fantástica!

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